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DESVENDANDO
O VIOLÃO EXPANDIDO

COM MARIO DA SILVA

DOCUMENTÁRIO EM 4 EPISÓDIOS

DIRIGIDO POR ANAÍ BAGNOLIN

DIRIGIDO POR ANAÍ BAGNOLIN

legendas em inglês/português
english subtitles

legendas em português

IDEALIZADO E PRODUZIDO POR ALVARO COLLAÇO

Depoimentos de
Ricardo Bravo, João Vitti, John Schneider, Valéria Alencar, Orlando Fraga, Ricardo Tacuchian, Harry Crowl, Maria do Céu, Sergio Albach

POR CONTA DE SEUS SABERES E EXPERIÊNCIAS por Luiz Carlos Prestes Filho

Caro Mario, o filme “Desvendando o violão expandido”, dirigido por Anaí Bagnolin, é bem didático. Traz entrevistas sofisticadas e acadêmicas. Embora eu tenha assistido todos, incluindo os compositores Arthur Kampela e Chico Mello, o compositor e maestro, Edino Krieger, na minha modesta opinião, é o que pronuncia termos facilmente entendidos por não acadêmicos e não estudiosos da teoria da música. Apesar de sua composição “Ritmata” ser complexa, ele confessa que realizou a mesma por conta de seus saberes e experiências.

Em quatro episódios as opiniões sobre o tema, além dos compositores abordados Edino Krieger, Arthur Kampela, Chico Mello, também John Schneider, Orlando Fraga, Rocio Infante oferecem informações que aprofundam suas exposições.

Penso que os instrumentos Tar e Alaude, como outros instrumentos árabes e persas, são usados com técnica expandida. Isso desde a antiguidade. O Guqin, instrumento tradicional da China, também é usado com técnica expandida. Quem sabe vale estudar esses universos?

Obrigado por compartilhar. Realização que traz reflexões profundas. Parabéns!

 

Luiz Carlos Prestes Filho é Especialista em Economia da Cultura; coordenou, entre os anos de 1998 e 2010 os estudos Economia da Cultura - a força da industria cultural do Rio de Janeiro"; “Cadeia Produtiva da Economia da Música"; "Cadeia Produtiva da Economia do Carnaval”; é  Mestre das Artes Cinematográficas pelo Instituto Estatal de Cinema da Rússia (1978-1983); Curador do PEN Clube do Brasil; jornalista, escritor e compositor.

 

AS REAFINAÇÕES DA EXPANSÃO CELESTIAL por Ricardo Bravo

 

Meu conhecimento de pintura é pouco mais que o básico, mesmo. 

Nunca me interessou conhecer o DNA da pintura, apenas as sensações que elas me produzem; das cavernas a hoje em dia — são viagens onde me reconheço. Mas meu susto sobre o tema foi conhecer o Picasso - não esse seu cubismo mais popular - mas sua obra acadêmica, seus estudos; aí tudo que eu lembrava ter visto dele ganhou um novo contorno.

 

Foi assim também com o amigo Barnabé, de quem só conhecia sua música dodecafônica, “crocodílica”, até o Arrigo fazer a trilha do nosso ORIUNDI – uma desconcertante surpresa!

 

Com Mario da Silva - meu mais novíssimo amigo de infância! - não está sendo diferente.  Não conheço toda sua obra, ao contrário, mal comecei mas, cada vez mais entendo suas composições; sua leitura sonora de nós - este primata sofisticado que somos, todos - como quando lemos um quadro, uma pintura. Ao expandir o violão, ao ouvi-lo nesse movimento, me sinto arremessado à infância, quando dedilhava ao piano sem buscar músicas, mas o prazer de associar as notas.  Essa expansão do violão, a frouxidão de uma e outra corda, a parceria com uma caneta BIC e suas novas frequências e tensões são um atrevimento embasado, como Picasso fez.  

 

As “reafinações” e, particularmente, essa percussão, me remete à sofisticada simplificação rítmica que assisti nos anos 1980 em Nova York com o querido Naná Vasconcelos, que acordava a criançada latente nas suas plateias adultas, fazendo do corpo e da voz – dele e da sua audiência! - instrumentos emocionantes. A erudição musical de Mario vaza pelos poros dessas desconstruções, desse movimento — dessa expansão celestial.

 

Ricardo Bravo

Cineasta, roteirista e ator bissexto, diretor do filme ORIUNDI (2000) estrelado por Anthony Quinn.

IMPRESSĀO DE UM LEIGO EM EXPANSĀO por João Vitti

 

IMPRESSÕES DE UM LEIGO EM EXPANSÃO por João Vitti

 

Olhos feiticeiros desnudam o violão.

As cordas gemem, sibilam, estridam.

O corpo pensa enquanto as māos dançam gesticulando coreografias que esculpem sons.

Nāo satisfeito, o desregrado violonista, introduz objetos em seu violão: 

molas, canetas Bic, bolas de pingue-pongue e delira, por quê não?

Atrevido e irreverente, vocifera ruídos e estremece silêncios com provocações atonais.

Mexe e remexe nas cravelhas e viola a afinaçāo das cordas na cabeça do violão.

Ora as estica, ora as afrouxa, vislumbra timbres novos e um novo som aflora.

Inebria-se com imagens melodiosas,

evoca a memória de ancestrais instrumentos

e fixa vertigens exalando estados de ser pra atiçar a sublime e onírica composiçāo.

Assanhado, arranha a silhueta de madeira como quem coça uma emoçāo 

e batuca em tempos no tampo convicto que o movimento tem som.

Pausa.

COF-COF-COF…PESTEOU O LAGARTO

O violonista, se dá conta de que é uma extensão do seu violāo.

Violāonista é o que ele é.

Violāonistas é o que eles sāo.

.

 

“Desvendando o Violāo Expandido”  nos aproxima de um universo mais amplo e ilimitado, liberto, inteiro e integrado às matizes do som universal ou da natural e destemida espontaneidade de uma criança no processo de descoberta do novo ao mergulhar curioso no desconhecido.

Parabenizo o meu genial amigo Mario da Silva por esse registro raro, significativo, de profundo aprendizado e, agradeço pela preciosa oportunidade de poder desfrutar do seu conhecimento, talento e afeto pela música e amor pelo violāo.

Evoé

João Vitti é ator formado em Artes Cênicas pela UNICAMP. Dentre inúmeros trabalhos para TV e Teatro, também trabalhou no cinema destacando Cães Famintos dirigido por Beto Oliveira. Participou do espetáculo Resíduo (Pares no Lixo e no Luxo) dirigido por Lu Grimaldi, com Mario da Silva, Rocio Infante e Valéria Alencar

ESPIRALAR por Valéria Alencar

 

O que pode ser maior que a ousadia, quando esta levanta a neblina densa da floresta e revela paisagens tão concretas quanto divinas? O que pode ser maior do que o desejo de expandir? O desejo pressupõe paixão por algo latejante que atiça os cinco sentidos e as nove consciências, faz tremer as emoções carregadas de afetos, numa intensidade alucinante, quebra todas as regras, sobrepondo-se a razão. O manejo dos corpos Homem-Violão, provoca arrebatamentos! Há de afrouxar as cordas rasgadas pela luz veloz do tempo, de sons coloridos com timbres poéticos, peitorais, viscerais, entre dentes compondo pausas com as mãos. Quase uma prece, um rito, a evocar Deuses adormecidos pela mesmice. Aqui, neste lugar, documentar é voltar a ser criança, brincar seriamente com ofício de tocar a alma, o espírito.O peito sobre as ancas do violão, viola regras e nada é em vão, como o delirante apaixonado se arrepia ao toque, vibra staccato, transpira legato com os punhos enquanto apalpa com os dedos e unhas o invisível. É pura leveza ouvir os sussurros e gemidos a beber de colher a falta de ar. O amor é sinônimo de liberdade, tons imemoriais, é o Éter, a essência perambulante, pés flutuantes em água doce. Nana neném, escuta o tilintar do artista, faz-me nascer - acordais em acordes-ais - acorde em mim os sonhos de vagarezas, pais, mães, tias e Terezas da minha infância. Rezo neste palco, altares uterinos, daí-me à Luz de um parto sem dor. O artista diz “Rir de si próprio”, pois então rir é transgredir, dançar o drama da vida entre o sagrado e o profano e descobrir-se em movimento, bailar com todos os corpos para aguçar o homem antes do artista.Ping Pong, Ping Pong, um jogo, um mito a orquestrar, florestas, aromas e lagartos!

 

Valéria Alencar atriz e escritora, com diversos trabalhos para cinema, teatro e tv,  participou do filme Bicho de Sete Cabeças de Laís Bodanzky,  além de inúmeras participações em telenovelas. Participou do espetáculo Resíduo (Pares no Lixo e no Luxo) dirigido por Lu Grimaldi, com Mario da Silva, Rocio Infante e João Vitti. 

TRANSBORDA LIMITES INSTRUMENTAIS por Orlando Fraga

 

Desde seu primeiro registro em CD, Mario da Silva se preocupa com a expansão e renovação do repertório brasileiro contemporâneo para violão. No documentário audiovisual Desvendando o Violão Expandido vai além. A eleição de um corpo de compositores brasileiros importantíssimos internacionalmente (Chico Mello, Arthur Kampela, Edino Krieger), além do próprio Mario (um criador poderoso) para formar esse trabalho não tem nada de empírico. O conceito de repertório expandido não é novo, sequer exclusivo ao violão. Mas Mario da Silva, aqui, faz um registro consistente desse repertório. Não tenho receio em afirmar que este é o trabalho mais importante no cenário do violão, que transborda os limites instrumentais para se tornar a maior contribuição à música brasileira recente.

Orlando fraga - Concertista e professor de violão. Estudou no Conservatório Universitário de Música de Montevidéu (Uruguai). Mestre pela The University of Western Ontario (Canadá) e Doutor em Performance (D.M.A) pela Eastman School of Music da Universidade de Rochester, NY (USA).

CRIANDO A FLORESTA por John Schneider 

“Tantos ritmos visuais e sonoros... Desvendando o Violão Expandido é um documentário que criou realmente um encontro emocionante. As entrevistas são absolutamente essenciais para cada momento. Tão bom ver as imagens recentes de Arthur Kampela e Chico Mello. Os episódios deles são excelentes. Percebemos que quando Chico Mello pega seu violão, alguma coisa mágica acontece. É quase como se o perfume no ar mudasse. As cores que surgem são extraordinárias. De alguma forma, chego a pensar em drogas psicodélicas dos anos 1960 e 1970. Todos nós já vimos filmes sobre isso, em que alguém toma uma pílula e de repente o mundo se transforma. Cores começam a aparecer, pequenos animais ganham vida. É o que o Chico está fazendo. Eu penso sobre Villa-Lobos que disse: “Eu aprendi com os índios, eu estava na floresta”. Chico deu um passo a mais. Ele criou sua floresta.  Percebi que o documentário cria a 'floresta' de Chico Mello e fiquei realmente emocionado com isso. 

As performances de Mario no final de cada episódio também são maravilhosas - ótima execução, e os níveis de produção são muito altos - o som absolutamente cristalino e evocativo.”

 

John Schneider, violonista americano residente em Los Angeles que trabalha com violão microtonal. Escreveu o livro “The Contemporary Guitar”, que além de abordar o violão e seus compositores do mundo, na sua nova edição, inclui os compositores brasileiros Arthur Kampela e Chico Mello. 

DESVENDANDO O VIOLÃO EXPANDIDO  por Maria do Céu

 

“Assistindo o documentário,  já no quarto episódio, fiquei impressionada com a quantidade de informação sobre  as possibilidades infinitas do violão,  do compositor,  do intérprete, de fazer música. E me diverti com a sua composição para Arlindo dos Santos. Fico admirada com a liberdade que os compositores apresentados (Edino Krieger, Arthur Kampela e Chico Mello), inclusive você, experimentam no seu processo de compor, não só no criar, combinar sons, mas também criar coreografias para as mãos, para o corpo, uma preocupação com o resultado visual.”

Maria do Céu, violonista

A NATURALIDADE DAS TÉCNICAS EXPANDIDAS por Sergio Albach

 

Muito complexo comentar o documentário “Desvendando o violão expandido” sem se emocionar e não enfatizar a grande qualidade e importância que tem esta obra, sendo que sou amigo pessoal do Mario e de outras pessoas que participam deste trabalho.

Aqui estão reveladas as paixões que estes artistas têm por este instrumento, o afeto, a dedicação pela música e arte em diversos níveis: dos compositores aos intérpretes; das coreografias as edições de imagem.

Uma das coisas que chamam a atenção, é a naturalidade com que o Mario da Silva transita pelas ditas “técnicas expandidas”, as quais, nas mãos dele, se transformam em música - objetivo final do artista. Esse termo cada vez mais tem perdido o sentido pelas novas necessidades sonoras, já sendo técnicas obrigatórias de estudo para qualquer intérprete.

Enfim, toda a concepção do trabalho tem uma coerência incrível, que além de contextualizar as obras historicamente, mostra a experiência viva da relação intérprete-compositor, embasando o espectador para apreciar profundamente o resultado sonoro e visual.

 

Sergio Albach, Instrumentista, arranjador e compositor curitibano, autor dos álbuns "Clarineteando" (2010) e "Clarone no Choro" (2018). Realizou pesquisa de obras contemporâneas para Clarone solo e também trabalhou com Chico Mello e diversas formações. Diretor artístico da Orquestra à Base de Sopro de Curitiba e clarinetista do grupo instrumental Mano a Mano trio.

DESVENDANDO O VIOLÃO EXPANDIDO  por Ricardo Tacuchian

 

"MARIO DA SILVA é reconhecido como um dos mais importantes violonistas brasileiros da atualidade. Sua técnica, sua audácia na escolha do repertório, e sua integração do complexo VIOLÂO-VIOLONISTA, numa visão coreográfica e comunicativa com o público, são únicas no panorama musical de nosso país. Sempre irrequieto, MARIO DA SILVA lançou, em 2018 o precioso CD “Violão Expandido”. 

A partir daí começou a gerar a ideia da produção de um vídeo, sobre o tema, ao mesmo tempo artístico e documental. Agora, nasce a Série DESVENDANDO O VIOLÃO EXPANDIDO, em quatro episódios, cada um com duração aproximada de 30 minutos. Portanto, trata-se de uma produção de vulto, com um mínimo de recursos, mas com uma equipe de produção altamente criativa. E, naturalmente, com a arte do grande violonista MARIO DA SILVA.

Os episódios apresentam o violonista expondo suas ideias sobre o violão expandido e interpretando peças de importantes compositores brasileiros que seguiram este caminho. A Série foi produzida por ALVARO COLLAÇO e criativamente dirigida por ANAI BAGNOLIN, numa realização da ALVAROCOLLAÇO PRODUÇÕES.

Os episódios apresentam importantes depoimentos de músicos estrangeiros e brasileiros, como ALESSANDRO FERREIRA, CHICO MELLO, ARTHUR KAMPELA, EDINO KRIEGER, DENISE GARCIA, FABIO ZANON, TIM RESCALA, entre outros, e da bailarina e coreógrafa ROCIO INFANTE. Além das incomparáveis interpretações de MARIO DA SILVA, os episódios também lançam mão de farto material documentário, coreografias e gravações relativas ao tema. O visual do filme, intercalando as entrevistas e as execuções, é belíssimo.

O Primeiro Episódio é um PANORAMA, onde vários violonistas discorrem sobre o que são as técnicas expandidas e porque o violão pode ser um instrumento ideal para elas:

O Segundo Episódio é dedicado a EDINO KRIEGER, com ênfase na obra “Ritmata”:

O Terceiro Episódio é dedicado a ARTHUR KAMPELA, com ênfase na série “Percussion Study”:

O Quarto Episódio é dedicado a CHICO MELLO, com ênfase na obra “Do lado do dedo”:

Trata-se de um Documentário que mostra um aspecto do rico panorama do violão no Brasil, especialmente no que concerne às PRÁTICAS EXPANDIDAS. Não é uma superprodução, mas um superdocumento, que interessa além dos violonistas, a compositores e ao público em geral".

Ricardo Tacuchian, compositor, Doutor em Composição, foi responsável pela implantação do Bacharelado em violão da Escola de Música da UFRJ. Possui um vasto catálogo de obras para violão

CONTRIBUIÇÃO DA MÚSICA BRASILEIRA INSTRUMENTAL por Harry Crowl

 

”A série de 4 programas sobre técnicas expandidas do violão transcende, em muito, a sua proposta original. Com ênfase na obra de 3 compositores brasileiros fundamentais para o violão, Mário da Silva apresenta os desafios dissecados pelos próprios compositores, intérpretes musicais e/ou performáticos de um universo tão característico do final do Séc. XX e primeiras décadas do Séc. XXI. Além disso, mostra o quanto a contribuição da música brasileira experimental é fundamental para o avanço da linguagem violonística. É uma série imperdível para todos profissionais, estudantes e amadores que tenham interesse na música para violão.”

 

Harry Crowl Compositor, musicólogo e professor da Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Desenvolveu um estilo muito pessoal de composição com obras concebidas como um painel musical em que a maior parte das idéias nunca é repetida. Dentre suas obras destacam-se os Concertos para oboé e cordas e para piano e orquestra, Sicut erat in principio, para orquestra sinfônica, Assimetrias para violão solo. 

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